Eu Acredito... Nascemos para ser Borboletas!
Eu amo borboletas, alguns dizem que elas personificam a inconstância mas não para mim.
De aparência frágil mas de uma resistência gigantesca elas perseveraram através dos tempos sobrevivendo aos dinossauros, quase que imutáveis.
Elas sabem escolher seu destino, enquanto crisálida, se transformando milagrosamente em Borboletas.
Acredito que as borboletas representam as mudanças que ocorrem ao longo da nossa vida. Como elas, nascemos lagartas presas ao chão, somos pessoas dependentes, limitadas, contidas... mas vamos nos transformando em borboletas.
Começamos nossa vida literalmente rastejando, engatinhando, fase onde nos limitamos a conhecer regras, palavras e conceitos ditados por todos aqueles que nos antecederam. Mais tarde, mesmo andando com nossas próprias pernas, vemos, através de nossos rastros deixados ao longo do caminho, que ainda não abandonamos nossa vida de lagarta, mas ainda assim pensamos estar de posse da verdade, pensamos que tudo sabemos, que conosco tudo será diferente. Doce ilusão!
Assim vamos levando a vida, até que chega o momento que tudo ao nosso redor parece perder um pouco da magia. É tempo de tomar uma decisão, é o começo de nossa metamorfose, e isto nos apavora, pois teremos que exercer o desapego, abandonarmos nossa zona de conforto (não adianta querer lutar contra tudo isto) é preciso determinação, sermos corajosos para enfrentarmos e aceitarmos “as feridas” causadas por qualquer mudança.
Reconhecemos porém, que todo este processo é necessário, inevitável para nos conhecermos e crescermos. É preciso conhecer e viver na escuridão da noite para podermos agradecer a benção do dia e reverenciar a luz do sol, que se fazem sempre presentes e disponíveis para nós. Nossa metamorfose porém é um pouco mais complicada, pois seres humanos que somos possuímos os pés presos ao solo, mas temos braços e cabeça erguidos e com eles podemos tomar o rumo que quisermos, segundo o nosso livre arbítrio. É justamente aí onde mora o perigo, para cada cabeça uma sentença...
No fundo todos nós queremos mudar, com isto buscamos mesmo que inconscientemente, este momento de transformação salvadora, nos lançando por isso na construção de nosso casulo.
Alguns o constroem com revestimento tão fino de maneira a não oferecer nenhuma proteção, uns o projetam majestoso, belo e pomposo demais para que tenham coragem de rompê-lo um dia; outros o erguem bastante espesso e rígido como que assegurando certa distância dos demais.
O certo é que casulos são construídos por nós de vários tipos e formas, revestidos de acordo com as ilusões e verdades de cada um, sem que levemos em conta se tratar de nossa morada em tempos de crescimento solitário. Com toda nossa inteligência e posse do livre arbítrio, não somos sábios como as borboletas, fazemos escolhas que nos fazem sofrer, nos maltratam, nos tornam frágeis e até mesmo desrespeitados pelos outros. Somos a criação de nossa própria mente, porque então com o nosso casulo agiríamos diferente?
Chegada a hora de nossa transformação, adentramos para o nosso abrigo e nele permanecemos durante o tempo das incertezas.
Nele fazemos questionamentos intermináveis, reatamos o contato conosco mesmo, mergulhamos em nossa busca interior, Sentimos necessidade de abandonar velhas convicções, ignorar sensações e impressões vindas de fora e focar em nós mesmos e no que trazemos como bagagem, para assim renovar atitudes.
Mudar é preciso, mas como é duro e sofrido este nosso retiro interior! Quantas feridas são reabertas para que sejam realmente curadas, criando um novo ponto de partida, um ponto para o recomeço. O nosso mundo vira de ponta à cabeça, caem por terra velhos conceitos e pré-conceitos que até ontem eram alimentados por certezas inabaláveis. Quão doída é esta nossa fase crisálida, quando limpamos o armário de nossa vida substituindo a roupa que já não nos veste bem; bancando o escoteiro, ao buscar incansavelmente a criança perdida (em algum lugar no tempo) durante um acampamento de férias. Vendo, como que pela primeira vez, o céu de nossos sentimentos com o alcance da luneta de um astrônomo, observando nossas estrelas, contando todas, embalando as que nasceram e agradecendo a luz das que já morreram; mergulhando no silêncio para reencontrarmos a nossa voz que já não mais se fazia ouvir. Em total isolamento, mudando mente e modos para renascermos, num tempo redentor, tempo incontável e interminável...
Até que num belo dia o abrigo já não nos serve mais, nos parece pequeno, sufocante e tímido demais. Não há mais como voltar atrás, permanecer significa estacionar, sendo assim é hora de abandonarmos nossa casca e entrarmos em contato com o mundo há muito mais que vislumbrar, há muito ainda para aprender (graças a Deus)... neste exato momento é que percebemos que estamos preparados para romper o casulo deste velho mundo esperando nunca mais a ele retornar.
É certo que, quando de alguma maneira nos sentirmos ameaçados , ainda vamos ser pegos de surpresa ao agirmos feito lagartas, ao querer rastejar a procura de nosso velho casulo, subestimando, ignorando nossas asas (como se não soubéssemos ou não pudéssemos voar).
Se isto acontecer, basta lembrarmos que não podemos mais ter medo do desconhecido, optar pela vida de lagarta e voltar a rastejar; pois criamos lindas asas com nosso próprio esforço; portanto não iremos encolhê-las, iremos sim esticá-las, vibrando com as vitórias, crescendo com as derrotas. Agora, já temos a certeza, que sair da nossa zona de conforto é caminhar adiante, ousar. Temos a certeza de que mudança e desconhecido podem ser bons e produtivos, o que é um grande alívio, verdadeiro lenitivo para nossa alma! Poderíamos de lagarta simplesmente renascer vespas ou moscas mas não, nos redescobrimos como lindas borboletas!
Ousar além da nossa zona de conforto é missão de borboleta, cumprir tanto velhos como novos objetivos, indo sempre além!
É a certeza que abandonamos a velha vida de lagarta, exibindo nossas asas multicoloridas confundindo o predador, livres e confiantes, atrevendo em belos vôos em direção aos nossos sonhos!
Rosângela Ribeiro
Nem tudo na vida são flores, mas quando forem, regue-as.
(Gibran Khalil Gibran)
"Se você quer transformar o mundo,
mexa primeiro em seu interior."
( Dalai Lama )